REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Segunda-feira da 5ª Semana da Quaresma
1) Oração
Ó Deus, que pela vossa graça inefável,
nos enriqueceis de todos os bens,
concedei-nos passar da antiga à nova vida,
preparando-nos assim para o reino da glória.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 8, 1-11)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo,
segundo João - Naquele tempo, 1Dirigiu-se Jesus para o monte das Oliveiras. 2Ao romper da
manhã, voltou ao templo e todo o povo veio a ele. Assentou-se e começou a
ensinar. 3Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que
fora apanhada em adultério. 4Puseram-na no meio da multidão e
disseram a Jesus: Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. 5Moisés
mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a isso? 6Perguntavam-lhe
isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Jesus, porém, se inclinou para
a frente e escrevia com o dedo na terra. 7Como eles insistissem,
ergueu-se e disse-lhes: Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe
atirar uma pedra. 8Inclinando-se novamente, escrevia na terra. 9A
essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles se
foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte
que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele. 10Então ele se
ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão os que te
acusavam? Ninguém te condenou? 11Respondeu ela: Ninguém, Senhor.
Disse-lhe então Jesus: Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar. - Palavra
da salvação.
3) Reflexão
* No Evangelho de hoje, vamos meditar
sobre o encontro de Jesus com a mulher que ia ser apedrejada. Pela sua pregação
e pelo seu jeito de agir, Jesus incomodava as autoridades religiosas. Por isso,
elas procuravam todos os meios possíveis para acusá-lo e eliminá-lo. Assim,
levam até ele uma mulher, pega em flagrante de adultério. Sob a aparência de
fidelidade à lei, usam a mulher para ter argumentos contra Jesus. Também hoje,
sob a aparência de fidelidade às leis da igreja, muitas pessoas são
marginalizadas: divorciados, aidéticos, prostitutas, mães solteiras,
homossexuais, etc. Vejamos como Jesus reage:
* João
8,1-2: Jesus e o povo. Depois da discussão sobre a origem
do Messias, descrita no fim do capítulo 7 (Jo 7,37-52), “cada um tinha voltado
para casa” (Jo 7,53). Jesus não tinha casa em Jerusalém. Por isso, foi para o
Monte das Oliveiras. Lá havia um Horto, onde ele costumava passar a noite em
oração (Jo 18,1). No dia seguinte, antes do nascer do sol, Jesus já estava
novamente no templo. O povo também veio bem cedo para poder escutá-lo. Eles
sentavam no chão ao redor de Jesus e ele os ensinava. O que será que Jesus
ensinava? Deve ter sido muito bonito, pois o povo vinha antes do nascer do sol
para poder escutá-lo!
* João
8,3-6a: Os escribas armam uma
cilada. De repente, chegam os
escribas e os fariseus, trazendo consigo uma mulher pega em flagrante de
adultério. Eles a colocam no meio da roda. Conforme a lei, esta mulher deveria
ser apedrejada (Lv 20,10; Dt 22,22.24). Eles perguntam: "E qual é a sua
opinião?" Era uma cilada. Se Jesus dissesse: "Apliquem a lei",
eles diriam: “Ele não é tão bom como parece, porque mandou matar a pobre da
mulher!” Se dissesse: "Não matem", diriam: "Ele não é tão bom
como parece, porque nem sequer observa a lei!" Sob a aparência de
fidelidade a Deus, eles manipulam a lei e usam a pessoa da mulher para poder
acusar Jesus.
* João
8,6b-8: Reação de Jesus: escreve no
chão. Parecia um beco sem
saída. Mas Jesus não se apavora nem fica nervoso. Pelo contrário. Calmamente,
como quem é dono da situação, ele se inclina e começa a escrever no chão com o
dedo. Quem fica nervoso, são os adversários. Eles insistem para que Jesus dê a
sua opinião. Então, Jesus se levanta e diz: "Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra!" E inclinando-se tornou a escrever no chão. Jesus
não discute a lei. Apenas muda o alvo do julgamento. Em vez de permitir que
eles coloquem a luz da lei em cima da mulher para poder condená-la, pede que
eles se examinem a si mesmos à luz do que a lei exige deles. A ação simbólica
da escritura no chão esclarece tudo. A palavra da Lei de Deus tem consistência.
Uma palavra escrita no chão não tem consistência. A chuva e o vento a apagam
logo. O perdão de Deus apaga o pecado identificada e denunciado pela lei.
* João
8,9-11: Jesus e a mulher. O gesto e a resposta de Jesus
derrubaram os adversários. Os fariseus e os escribas se retiram envergonhados,
um depois do outro, a começar pelos mais velhos. Aconteceu o contrário do que
eles esperavam. A pessoa condenada pela lei não era a mulher, mas eles mesmos que
pensavam ser fiéis à lei. No fim, Jesus ficou sozinho com a mulher no meio da
roda. Jesus se levanta e olha para ela: "Mulher, onde estão eles? Ninguém
te condenou!" Ela responde: "Ninguém, Senhor!" E Jesus:
"Nem eu te condeno! Vai, e de agora em diante não peques mais!"
* Jesus não permite que alguém use a lei
de Deus para condenar o irmão ou a irmã, quando ele mesmo ou ela mesma é
pecador ou pecadora. Este episódio, melhor do que qualquer outro ensinamento,
revela que Jesus é a luz que faz aparecer a verdade. Ele faz aparecer o que
existe de escondido dentro das pessoas, no mais íntimo de cada um de nós. À luz
da sua palavra, os que pareciam os defensores da lei, se revelam cheios de
pecado e eles mesmos o reconhecem, pois vão embora, a começar pelos mais
velhos. E a mulher, considerada culpada e merecedora da pena de morte, está de
pé diante de Jesus, absolvida, redimida e dignificada (cf. Jo 3,19-21).
4) Para um confronto pessoal
1)
Procure colocar-se na pele da mulher: quais eram os sentimentos dela naquele
momento?
2)
Que passos nossa comunidade pode e deve dar para acolher os excluídos?
5) Oração final
O SENHOR é o meu pastor, nada me falta.
Ele me faz descansar em verdes prados,
a águas tranqüilas me conduz.
Restaura minhas forças,
guia-me pelo caminho certo,
por amor do seu nome. (Sl 22, 1-3)
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