REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO
DIVINA)
Reflexões
de Frei Carlos Mesters, O.Carm
Segunda-feira da 1ª Semana da Quaresma
1) Oração
Convertei-nos, ó Deus, nosso salvador,
e, para que a celebração da Quaresma nos seja útil,
iluminai-nos com a doutrina celeste.
Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 25, 31-46)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo
Mateus - Naquele tempo, 31Quando o Filho do Homem voltar na sua
glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. 32Todas
as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor
separa as ovelhas dos cabritos. 33Colocará as ovelhas à sua direita
e os cabritos à sua esquerda. 34Então o Rei dirá aos que estão à
direita: - Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está
preparado desde a criação do mundo, 35porque tive fome e me destes
de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; 36nu
e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim. 37Perguntar-lhe-ão
os justos: - Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com
sede e te demos de beber? 38Quando foi que te vimos peregrino e te
acolhemos, nu e te vestimos? 39Quando foi que te vimos enfermo ou na
prisão e te fomos visitar? 40Responderá o Rei: - Em verdade eu vos
declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais
pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes. 41Voltar-se-á em seguida
para os da sua esquerda e lhes dirá: - Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o
fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. 42Porque tive
fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; 43era
peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não
me visitastes. 44Também estes lhe perguntarão: - Senhor, quando foi
que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te
socorremos? 45E ele responderá: - Em verdade eu vos declaro: todas
as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o
deixastes de fazer. 46E estes irão para o castigo eterno, e os
justos, para a vida eterna. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
* O
Evangelho de Mateus apresenta Jesus como o novo Moisés. Como Moisés, Jesus
promulgou a Lei Deus. Como a antiga Lei, assim a nova lei dada por Jesus tem
cinco livros ou discursos. O Sermão da Montanha (Mt 5,1 a 7,27), o primeiro
discurso, abriu com as oito bem-aventuranças. O Sermão da Vigilância (Mt 24,1 a
25,46), o quinto e último discurso, encerra com a descrição do Juízo Final. As
bem-aventuranças descreveram a porta de entrada para o Reino de Deus,
enumerando oito categorias de pessoas: os pobres em espírito, os mansos, os
aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os de coração
limpo, os promotores da paz e os perseguidos por causa da justiça (Mt 5,3-10).
A parábola do Juízo Final conta o que devemos fazer para poder tomar posse do
Reino: acolher os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os sem roupa, os
doentes e os prisioneiros (Mt 25,35-36). Tanto no começo como no fim da Nova
Lei, estão os excluídos e marginalizados.
* Mateus 25,31-33: Abertura do Juízo final.
O Filho do Homem reúne ao seu redor todas as nações do mundo. Separa as pessoas
como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. O pastor sabe discernir. Ele não
erra: ovelhas à direita, cabritos à esquerda. Jesus não erra. Ele sabe
discernir bons e maus. Jesus não julga nem condena (cf. Jo 3,17; 12,47). Ele
apenas separa. É a própria pessoa que se julga ou se condena pela maneira como
se comportou com relação aos pequenos e excluídos.
* Mateus 25,34-36: A sentença para os que
estiverem à direita do Juiz.
Os que estão à sua direita são chamados de “Benditos de meu Pai!”, isto
é, recebem a bênção que Deus prometeu à Abraão e à sua descendência (Gn 12,3).
Eles são convidados a tomar posse do Reino, preparado para eles desde a
fundação do mundo. O motivo da sentença é este: "Tive fome e sede, era
estrangeiro, nu, doente e preso, e vocês me acolheram e ajudaram!” Esta
sentença nos faz saber quem são as ovelhas. São as pessoas que acolheram o
próprio Juiz quando este estava faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e
preso. E pelo jeito de falar "meu Pai" e "Filho do Homem",
ficamos sabendo que o Juiz é o próprio Jesus. Ele se identifica com os
pequenos!
* Mateus 25,37-40: Um pedido de
esclarecimento e a resposta do Juiz:
Os que acolheram os excluídos são chamados “justos”. Isto significa que
a justiça do Reino não se alcança observando normas e prescrições, mas sim
acolhendo os necessitados. Mas o curioso é que os próprios justos não sabem
quando foi que acolheram Jesus necessitado. Jesus responde: "Toda vez que
o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes!"
Quem são estes "meus irmãos mais pequeninos"? Em outras passagens do
Evangelho de Mateus, as expressões "meus irmãos" e
"pequeninos" indicam os discípulos (Mt 10,42; 12,48-50; 18,6.10.14;
28,10). Indicam também os membros mais abandonados da comunidade, os
desprezados que não recebem lugar e não são bem recebidos (Mt 10,40). Jesus se
identifica com eles. Mas não é só isto. No contexto tão amplo desta parábola
final, a expressão "meus irmãos mais pequeninos" se alarga e inclui
todos aqueles que na sociedade não têm lugar. Indica todos os pobres. E os
"justos" e os "benditos de meu Pai" são todas as pessoas de
todas as nações que acolhem o outro na total gratuidade, independente do fato
de ser cristão ou não.
* Mateus 25,41-43: A sentença para os que
estiverem à sua esquerda. Os que estão do outro lado do Juiz são chamados
de “malditos” e são destinados ao fogo eterno, preparado para o diabo e seus
anjos. Jesus usa a linguagem simbólica comum daquele tempo para dizer que estas
pessoas não vão entrar no Reino. E aqui também o motivo é um só: não acolheram
Jesus faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e preso. Não é Jesus que nos
impede de entrar no Reino, mas sim a nossa prática de não acolher o outro, a
cegueira que nos impede de ver Jesus nos pequeninos.
* Mateus 25,44-46: Um pedido de
esclarecimento e a resposta do Juiz. O pedido de esclarecimento mostra que
se trata de gente bem comportada, pessoas que têm a consciência em paz. Estão
certas de terem praticado sempre o que Deus pedia delas. Por isso estranham
quando o Juiz diz que não o acolheram. O Juiz responde: “Todas as vezes que
vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram!” A
omissão! Não fizeram coisas más! Apenas deixaram de praticar o bem aos pequeninos
e de acolher os excluídos. E segue a sentença final: estes vão para o fogo
eterno, e os justos para a vida eterna. Assim termina o quinto livro da Nova
Lei!
4) Para um confronto pessoal
1) O que mais chamou a sua atenção nesta parábola do
Juízo Final?
2) Pare e pense: se o Juízo final fosse hoje, você
estaria do lado das ovelhas ou dos cabritos?
5) Oração final
Os preceitos do Senhor são retos,
deleitam o coração;
o mandamento do Senhor é luminoso,
esclarece os olhos. (Sl 18, 9)
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