REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
Segunda-feira da 2ª Semana da Quaresma
1) Oração
Ó Deus, que para remédio e salvação nossa
nos
ordenais a prática da mortificação,
concedei
que possamos evitar todo pecado
e
cumprir de coração os mandamentos do vosso amor.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 6,
36-38)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 36Sede misericordiosos, como também
o vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis e não sereis julgados; não
condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38Dai
e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada
no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também
sereis medidos.' Palavra da Salvação.
3) Reflexão
* Os três breves versículos do Evangelho
de hoje (Lc 6,36-38) são a parte final de um pequeno discurso de Jesus (Lc
6,20-38). Na primeira parte deste discurso, ele se dirige aos discípulos (Lc
6,20) e aos ricos (Lc 6,24) proclamando para os discípulos quatro
bem-aventuranças (Lc 6,20-23), e para os ricos quatro maldições (Lc 6,20-26).
Na segunda parte, ele se dirige a todos que o escutam (Lc 6,27), a saber,
aquela multidão imensa de pobres e doentes, vinda de todos os lados (Lc
6,17-19). As palavras que ele diz a este povo e a todos nós são exigentes e
difíceis: amar os inimigos (Lc 6,27), não amaldiçoar (Lc 6,28), oferecer a
outra face a quem bate no rosto e não reclamar quando alguém toma o que é nosso
(Lc 6,29). Como entender estes conselhos tão exigentes? A explicação nos é dada
nos três versículos do evangelho de hoje, nos quais atingimos o centro da Boa
Nova que Jesus nos trouxe.
* Lucas
6,36: Ser misericordioso como vosso
Pai é misericordioso. As bem-aventuranças para os discípulos (Lc 6,20-23) e
as maldições contra os ricos (Lc 6,24-26) não podem ser interpretadas como uma
ocasião para os pobres se vingarem dos ricos. Jesus manda ter a atitude
contrária. Ele diz: "Amai os vossos inimigos!" (Lc 6,27). A mudança
ou conversão que Jesus quer realizar em nós não consiste em virar a mesa apenas
para inverter o sistema, pois aí nada mudaria. Ele quer é mudar o sistema. O Novo que Jesus quer construir vem da
nova experiência que ele tem de Deus como Pai/Mãe cheio de ternura que acolhe a
todos, bom e maus, que faz brilhar o sol para maus e bons e faz chover sobre
injustos e justos (Mt 5,45). O amor verdadeiro não depende nem pode depender do
que eu recebo do outro. O amor deve querer o bem do outro independentemente do
que ele ou ela faz por mim. Pois assim é o amor de Deus por nós. Ele é
misericordioso não só para com os bons, mas para com todos, até “para com os
ingratos e com os maus” (Lc 6,35). Os discípulos e as discípulas de Jesus devem
irradiar este amor misericordioso.
* Lucas
6,37-38: Não julgar para não ser
julgado. Estas palavras finais repetem de maneira mais clara o que ele
tinha dito anteriormente: “Aquilo que vocês desejam que os outros façam a
vocês, vocês devem fazer a eles” (Lc 6,31; cf. Mt 7,12). Se você não deseja ser
julgado, não julgue! Se não deseja ser condenado, não condene! Se quiser ser
perdoado, perdoe! Se quiser receber uma boa medida, dê uma boa medida aos
outros! Não fique esperando até que o outro tome a iniciativa, mas tome você a
iniciativa e comece já! E verá que dará certo!
4) Para um confronto pessoal
1)
Quaresma é tempo de conversão. Qual a conversão que o evangelho de hoje pede de
mim?
2)
Você já tentou ser misericordioso como o Pai do céu é misericordioso?
5) Oração final
Ajuda-nos, ó Deus, nosso salvador,
pela glória do teu nome,
salva-nos e perdoa os nossos pecados
por amor do teu nome. (Sl 78, 9).
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